segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Cronograma 2º Semestre/ 2013


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Novas histórias: do fio ao fim

Tessituras da morte nas tramas literárias

DATA
HORA -
LOCAL
OBRA
PALESTRANTES
COMUNICAÇÃO


19 de Novembro

14:00

1H55

filme: As Horas



"Eu escolhi a vida": As Horas, Mrs. Dalloway e o jogo entre a vida e a morte.

03 de Dezembro
14:00

1H55



Surrealismo e História: transformação do amor e modificação da morte em A espuma dos dias








Novas histórias: do fio ao fim

Tessituras da morte nas tramas literárias



“O que seria da vida se não existisse a morte?”, essa é a pergunta que se faz o personagem fictício que consegue o feitio de abolir a morte, em A desintegração da morte, livro de Orígenes Lessa. Virginia Woolf talvez não procurasse uma resposta para essa pergunta [será?]. Ao encher os bolsos do casaco de pedras e se jogar nas águas do Rio Ouse, em 1941, Virginia decide morrer. Deixa ao marido a famosa carta:

“Querido,
Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer.”

Talvez os personagens do livro surrealista de Boris Vian, A espuma dos dias, teriam aceitado a cura para a morte com contentamento. Não seria nenhum spoiler dizer que Chloé, pouco depois de se casar com Colin, descobre a existência de um nenúfar – sim, uma flor de lótus -, em seu pulmão e fenece. Em conversa com o Religioso para os encaminhamentos do velório – num cemitério dentro d’água – Colin duvida mesmo do poder de Deus.


“- Não... - disse Colin. - Posso chegar a cem se o senhor aceitar ser pago em várias vezes. Será que o senhor se dá conta do que é dizer 'A Chloé morreu'?
- O senhor sabe - disse o Religioso, estou acostumado, então isso não faz mais efeito em mim. Eu deveria lhe aconselhar a se dirigir a Deus, mas penso que, com uma soma tão fraca, talvez seja melhor não incomodá-lo.
- Oh! - disse Colin. - Não vou incomodá-lo. Não acredito que ele seja capaz de muita coisa, porque, veja só, a Chloé morreu.”

Virginia entrega seu corpo às águas do rio, assim como Chloé é enterrada em um cemitério dentro d’água. Teria Lettes, o rio do esquecimento, a mesma imagem não negativa ou funesta dos primórdios da mitologia? Talvez.

Noutro ponto, podemos ser levados ao personagem de Dostoiévski tão conhecido de muitos, o Homem do subsolo, o típico pessimista vivendo em seu “buraco”. E já que a deixa permitiu, aqui no Brasil temos um conto bem próximo, “O buraco” de Luiz Vilela. Renunciaram à vida? Talvez. Agarraram-se demasiadamente a ela? Quem sabe...

E para finalizar, porque não a junção de duas obras de lá e de cá do oceano? Intermitências da Morte, de José Saramago, e A desintegração da morte, de Orígenes Lessa, vão quase pelo mesmo percurso que tentamos traçar aqui... fica a epígrafe do primeiro, já que antecipamos  um trecho do segundo:

Pensa por ex. mais na morte, - & seria estranho em verdade
que não tivesse de conhecer por esse facto novas representações, novos âmbitos da linguagem.
Wittgenstem

Que a morte seja algo que só se realiza na linguagem não podemos afirmar. Mas é fato que quando falamos dela, quase sempre falamos daquilo que conhecemos indiretamente. E esta não é a questão ontológica que tanto significado tem tido para as relações atuais entre História e Literatura?

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

De Rosa a Lolita, a despedida do 1º Semeste das JorN.A.D.As



A discussão de encerramento com Lolita, de Vladimir Nabokov, foi de 1955 – época de publicação do livro -, passando por 1962 – com a primeira adaptação para o cinema de Stanley Kubrick -, e 1997, - com adaptação também cinematográfica por Adrian Lyne. 
A ideia original era uma análise sem comparações entre os filmes e o livro de Nabokov. O desejo de encontrar nas particularidades de cada obra seguiu-se por todo debate. E que particularidades seriam estas? As particularidades do tempo, como José Rivair Macedo escreveu: "Por vezes, um filme tem mais a dizer sobre o momento em que foi produzido do que a época que pretende retratar".
Iniciamos com uma discussão sobe o livro, após isto, uma rápida visita à algumas cenas de ambas as produções cinematográficas. Em ambos temos Humbert Humbert declarando seu amor por Lolita, que Nabokov explicita como ninfeta corajosa, a qual aos olhos (e tempos) de Kubrick ganha uma delicadeza amadurecida, e com Lyne toques de sensualidade com um jeito de moleca.
As roupas, as falas, os cenários, as personagens e a produção: dois filmes, que partem de um mesmo livro, com imagens totalmente diferentes!
Seria a censura em Kubrick, que gerou um antierotismo em suas cenas?
Seria a música pop em Lyne, dando um ar mais jovial a Lolita?
As tomadas, em Lyne, mais rápidas, diversa em ângulos, enquanto as de Kubrick, mais lentas, maiores, definindo de antemão qual seria o foco, e cortando quando houvesse "necessidade" de não mostrar ?
Sobre estas questões discutimos, argumentamos e, algo que se mantém constante nas JorN.A.D.A's deste núcleo, nos divertimos. 
Saímos, todos, com desejo de mais!
Mais Lolita, mais Humbert, mais Cinema, mais Literatura...
Muito mais literatura!

De Lolita nos restam as boas lembranças, algumas discussões fruto de nosso encontro e os certificados!
Acesse-os AQUI.

Já do N.A.D.A Literal, agradecemos a cada curioso, interessado e destemido que participou deste primeiro cronograma. A presença de vocês enriqueceu nossas tardes de terça-feira, bravamente cruzamos as margens de Guimarães Rosa, nos perdemos e nos encontramos no regional de Érico Veríssimo e Mário Palmério, descobrimos as Memórias de algumas Putas Tristes, depois de tantas lembranças, buscamos em Borges o agrado do esquecimento, e por fim voltamo-nos ao tempo, aos tempos de Lolitas e Humberts.
Logo mais, postaremos mais novidades e nosso novo cronograma para o próximo semestre!


"Teve Bão"                                           Vladimir Nabokov